segunda-feira, 12 de julho de 2010

Sonhar sem perder o Rumo

Observando os fóruns náuticos notei muita gente interessada em adquirir um veleiro e fazerem-se ao mar.

Percebi também que um número grande delas se preocupa mais com as comodidades do que com as qualidades náuticas e de segurança que a embarcação possa oferecer।

Um fórum náutico, ademais de tratar dos assuntos relativos à náutica, é um meio que muitas pessoas se utilizam para manifestar seus desejos de mais variadas índoles.

A respeito do dito acima, é recomendável que tenhamos a iniciativa de pesquisar, buscando informações em outras fontes, como livros, revistas, etc. antes de formular uma pergunta num forum.

Existem freqüentadores de fóruns náuticos que por falta de experiência na área, fundamentam seus anseios de serem proprietários de um veleiro se espelhando, por falta de referencias, em outros freqüentadores mais “expertos”. Muitos deles apenas com conhecimentos teóricos baseados em pesquisas na própria internet. Outros tomam para si o resultado dessas pesquisas, divulgam-a no fórum de maneira a fazer entender aos incautos o profundo conhecimento que tem sobre o tema, que em alguns casos, acabou de pesquisar.

A manifestação do desejo de se fazer ao mar, deveria antes passar por uma profunda auto-análise na busca do porque desse desejo e, principalmente, o que se espera da sua relação com o mar.

O resultado desta auto análise permitirá um melhor conhecimento das nossas próprias necessidades e limitações, deixando-nos mais seguros daquilo que queremos.

Sem a premissa do conhecimento básico de nossas necessidades, favorece com que se façam perguntas mal formuladas, obtendo como respostas uma enxurrada de “sugestões” que estarão satisfazendo aos desejos e necessidades de outras pessoas, fazendo-nos confundir e conduzindo-nos ao caminho de consumos ilógicos e desnecessários. Inibindo-nos muitas vezes de tomar uma iniciativa muito importante para o regozijo de nosso estado anímico. Ou a possíveis atritos na convivência do lar causados pelo impulso de gastos.
Outro aspecto a ser levado em conta é que tanto uma pergunta mal formulada, a qual, na maioria das vezes provoca uma resposta incerta, ficarão postadas no fórum, fazendo com que outras pessoas absorvam informações tanto incertas como imprecisas.


Muita gente tem medo de enfrentar o mar pela realidade que este elemento evidencia com toda sua grandeza e onipresença, levando-os a refugiarem-se na divulgação de abstrações desnecessárias (e caras). Em muitos casos esta abstrações se tornam para outros um referencial inatingível, o que pode resultar em adiamentos da realização de seu sonho ou em casos mais severos, a frustração pela desistência do mesmo.

Sair para o mar é despojar-se, despreocupar-se, admirar sua grandeza, sentir-se em liberdade, esta tão desejada nesses tempos de escravidão a que nos submete o sistema em que vivemos.


O mar pode despertar muitos outros sentimentos, porém, qualquer que seja o caso, não se pode perder o foco de que a principal finalidade de fazer-se ao mar é viver o mar! A embarcação é importante sim, mas sempre será um meio e não o fim.

Uma vez imbuído desta consciência, veremos que para desfrutar do mar não é preciso de uma parafernália de aparelhos eletrônicos, nem tão pouco de forno de micro ondas, ar condicionado ou tv de plasma. Artilugios estes que estão mais indicados para quem está arraigado à terra firme, e que em um barco não o torna mais marinheiro ou mais seguro. Uma vez que tenhamos um barco marinheiro e seguro, o indispensável para cruzeiro é que ele nos dê a possibilidade de dormir com conforto, fazer uma comida quente e tenha um canto para abrigar-nos da intempérie.

Acima de tudo, para estar no mar o que menos necessitamos é estarmos vinculados ao uso de ferragens e aparelhos caros de aquisição e manutenção, e que não estão isentos de quebra ou mau funcionamento. Esta fonte de preocupação pode acarretar um desconforto emocional que nos tira o foco de atenção impedindo-nos de alcançar o estado de plenitude que o mar nos oferece... de graça!

                   MAIS TEM QUEM MENOS NECESSITA          

Deveríamos questionar o que a indústria, a mídia e por conseqüência as pessoas sintonizadas neste sistema propõe, que para navegar a vela nos dias de hoje, seja “imprescindível” o uso de aparelhos eletrônicos, utilizando-se do mar como estigma para o consumo de produtos caríssimos.

A maioria dos eletrônicos nos proporciona comodidade, porém, jamais poderá ser substituída pela nossa (sempre em moda) sensibilidade. Disposto neste termo, aprimorando nossa acuidade de sentido, vamos saber quando teremos que rizar as velas, sem necessariamente saber a quantos nós o vento está, assim como poderemos “sentir” que o barco está no ângulo ótimo de orça, ou sofre uma deriva a causa de uma corrente.

Admito que o eletrônico que melhor auxilia a navegação é o GPS, e o uso sempre que vou fazer uma travessia mais longa, porém, ao meu entender, ele jamais poderá substituir a bússola e a carta de papel, como muitos o fazem. É uma questão pessoal, pois o aparelho pode ter uma pane, e aí? Ademais, por mais que digam que é bobagem, tenho em mente que sempre estaremos correndo o risco de sermos enganados “sem prévio aviso” (logicamente) por um sistema cujos dirigentes deliberadamente podem nos induzir ao erro por questões estratégicas, para a qual o mesmo sistema foi criado.

Fazer uma navegação precisa por métodos tradicionais nos traz muita satisfação também, e para isto existe uma técnica simples e secular, e ferramentas não muito caras. O domínio desta técnica nos proporciona ademais, uma auto-estima verdadeira e sem “muletas”.

3 comentários:

  1. Ótimo texto, Parabéns! Bons Ventos!
    www.velaemar.blogspot.com

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  2. Tenho a intenção de construir um veleiro talvez um catamarã, a importância de saber navegar a moda antiga não é saudosismo é conhecimento fundamental de quem deseja conhecer o mar.Bons ventos.

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  3. Uau , que aula.
    Parabéns.
    Sonho em aprender a velejar.

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