sexta-feira, 15 de outubro de 2010

ENSAIO SOBRE AS CONSTRUCÇÕES NAVAES INDIGENAS DO BRASIL

 "De tudo quanto ha produzido o engenho do homem, nada se compara em grandeza de concepção e de execução com o navio, e por isso é a Construcção Naval com justa razão considerada uma de suas obras mais admiráveis e úteis por qualquer face, que se encare o navio, grande ou pequeno, primitivo ou da actualidade, em relação ás suas épocas."
(Almirante Antonio Alves Camara)

Neste mes de outubro fazem exatamente vinte e dois anos que ganhei de minha querida irmã Silvia, sabedora que ela é de minha paixão por embarcações e tudo o relativo ao mar e marinharia,  duas reliquias. Um é o Dicionário Ilustrado de Marinharia do Capitão-Tenente Antonio Marques Esparteiro (2ª edição 1943) da Livraria Classica Editora (de Lisboa). Este dicionário nos remete ao tempo em que não havia muito anglicismo no vocabulário náutico da lingua portuguesa a qual possuia um léxico muito típico, rico e tão vigoroso como os marinheiros que o empregavam.

O outro livro é "Ensaio sobre as Construcções Navaes Indígenas do Brasil", do Almirante Antonio Alves Camara, editado pela Bibliotheca Pedagógica Brasileira - Brasiliana. Uma 2ª edição de 1937, do qual é oriunda as palavras no início deste post. É um livro fantástico e talvez único que faz um profundo estudo das nossas embarcações, que resultou a sua primeira edição em 1888 (!!!). Riquissimo em detalhes e muito interessante, sobretudo do ponto de vista histórico das embarcações no Brasil, assim como, sobre as técnicas e materiais utilizados para construir-las e manejá-las de acordo com as características de vento e corrente de cada região. Também descreve a forma de vida dos habitantes ribeirinhos do litoral e do interior do Brasil, acrescentando trechos de viajantes e de moradores locais, o que vem a enriquecer notávelmente a obra. Segue alguns trechos do livro que achei interessante do capitulo dedicado as jangadas:

"...Sendo o único meio de transporte, como já dissemos, nesse ponto, muito concorreram os jangadeiros para apressar a libertação de escravos nessa provincia, não se prestando absolutamente ao embarque delles, procedimento este, que mereceu os louvores de todos os Brazileiros, e tornou legendaria essa embarcação no Ceará.
Uma dellas, a que iniciou o movimento abolicionista, denominada jangada Libertadora, foi trazida ao Rio de Janeiro no paquete Espirito Santo acompanhada pelos jangadeiros Francisco José do Nascimento, Francisco José de Alcântara e José Félix Pereira Barbosa, onde muito se festejou nos dias 23, 24, 25 e 30 de Março de 1884, e por fim foi guardada no Museu Nacional como uma reliquia histórica e preciosa.

 
O histórico das tentativas para introducção d'esse typo de embarcação na provincia do Maranhão consta da seguinte curiosa nota extrahida do Diccionario histórico geographico d'aquella provincia por César Marques:


« Jangada. — Muito tempo ha, que se procura introduzir a jangada no serviço maritimo d 'esta provincia.
« Em 8 de Fevereiro de 1826 o coronel António de Salles Nunes Belfort, como presidente do Ceará, officiando ao presidente do Maranhão Pedro José da Costa Barros lhe disse "que em virtude do seu officio nº 6 lhe enviava oito jangadeiros, sendo três mestres e cinco marinheiros, os quaes náo tinham jangadas, e as poucas, que existiam, eram caras, e por isso náo as mandava, e por estar persuadido de haver n'esta província madeira própria para construcção d'ellas. "Não sabemos qual foi o resultado d' esta remessa.



Em minhas incursões pela internet, descobri digitalizada esta obra de grande valor histórico. Ela não pode deixar de ser vista, principalmente pelos amantes das embarcações primitivas brasileiras, acessando o link abaixo:

http://www.brasiliana.com.br/obras/ensaio-sobre-as-construcoes-navais-indigenas-do-brasil



domingo, 8 de agosto de 2010

CONSTRUÇÃO DE UM TIKI 26

Os motivos que me levaram a querer construir um Tiki 26 são muitos e podem ser vistos na
 postagem de junho "Porque Catamaram".

A experiencia de haver velejado o tiki 26 Paikea do amigo Roberto, que o havia construido para seu uso, afiançou o que eu suspeitava quando vi o barco pela primeira vez.





As linhas  harmoniosas de seu casco, o espaço exterior, a leveza do conjunto, tudo parecia na medida para ser um excelente barco de cruzeiro.
As verdadeiras boas idéias, sejam elas quais forem, despertam nas pessoas amor ou ódio. Wharram se encaixa perfeitamente neste contexto.
Para mim, ademais da originalidade do projeto, a lista de motivos que me levaram a optar pelo Tiki 26 só foi em aumento, a medida que descobria as vantagens deste tipo de embarcação polinésia.
Por ocasião da venda de meu veleiro monocasco, tive a chance de poder materializar o sonho de poder construir um tiki 26 e subir assim mais um degrau na busca da embarcação ideal para meus propositos.

Adeus ao meu velho companheiro de muitas velejadas em day-charter e em solitário. Agora nas mãos de seu novo proprietário, continuará recebendo a atenção que merece.


Este é o desenho do Tiki 26 com as modificações que imaginei para ampliar o espaço nas cabines. O desenho da quilha será o original e não o que se vê no desenho. Decidi manter as caracteristicas originais da obra viva para não correr o risco de perder agilidade nas manobras com um aumento de área abaixo da linha da quilha.


Tiki 26 velejando




.
Na parte de traz de casa, a area preperada para a construção do Tiki 26.  Foi feita uma estrutura com tubos de pvc de 3/4' presas com arame, para sustentar uma lona também de pvc que cobre uma area de 9,0m x 4,20m (37,8m2). A leveza do conjunto armado me deixou apreensivo quanto a sua resistencia ao vento NE que sopra com vigor. Passou no teste com louvor.
O plano é construir todo o barco neste espaço e montá-lo posteriormente num local maior para o término e ajustes do cockpit e mastreação.
O material para a construção já está comprado, desde os compensados até os cabos de aço para o estaiamento, nicopres, cabos de poliester para amarre dos cascos, tecido de fibra de vidro, consumíveis,etc. Da resina epoxi foi comprada 1/3 do total , o resto será comprado de acordo com a necessidade para que ela não venha a vencer, caso a construção demore para ser concluida. Foram adquiridas ferramentas complementares como sargentos, serra circular de bancada para desdobrar as tábuas em sarrafos e prensa de nicopres.

O barco será dotado de um motor a gasolina de 6,5 hp 4Tcom rabeta, um modelo largamente utilizado em localidades costeiras do mar meridional da China, Tailandia e Indonésia. Este motor se molda perfeitamenta à filosofia da embarcação pelo seu baixo custo da aquisição, manutenção e consumo e que pode conferir ao catamaram uma velocidade de cruzeiro teórica por volta dos 5 nós. 

  
 

O curioso na construção do Tiki 26 é que se começa de forma lúdica, desenhando em chapas de compensado em escala 1:1




Muita atenção no momento de desenhar, conferindo sempre duas vezes todas as medidas e cotas para evitar erros




Depois recorta-se o desenho das anteparas...




 Primeiro recorta-se cada antepara da chapa de compensado, para facilitar o posterior corte com precisão, como peças de um grande quebra-cabeças.
 
Todas as anteparas já estão cortadas. Já foram coladas a elas os apoios para os sarrafos de sustentaçao dos convezes de proa e popa, os costados das duas canoas também já estão cortados e unidos, faltando agora colar as emendas das quilhas .
As rodas de proa e codastes de popa com os respectivos skegs incorporados.



O processo de colagem dos sarrafos de apoio dos paineiros nas anteparas está no final, para...

  ...na etapa seguinte, começar a montagem dos cascos.

Para isso, juntamos em par as laterais do casco
depois posicionamos a roda de proa e skeg na popa para ajustar a quilha


Agora é a hora da prova do riscado e dos cortes, onde tudo tem que se encaixar com precisão.




Uma vez ajustada a quilha e presa com os sargentos, começa a furação...


..para passar os arames e prendê-los.


Uma vez terminada a "costura" com o arame, vem a parte mais esperada,


a abertura do casco.





Esta é a parte da construção mais importante do ponto de vista anímico, pois o trabalho  de agora em diante sera feito num  barco.



Esta é a antepara n° 3 que fica no meio do habitáculo da cabine. Na foto vemos a abetura e a linha do que seria a altura do teto no projeto original, o que fica muito baixa para a minha estatura. O que fiz foi aumentar as anteparas nº 3 e 4, deixando-as na mesma altura da antepara 2, mantendo a inclinação para escoar a água para fora do cockpit.


O aumento de espaço é significativo, foi a única modificação que fiz no projeto original.


A antepara em seu lugar antes de receber seu reforço estrutural





O torniquete tem um papel fundamental nesta fase da obra. Ele é que vai garantir a integridade do casco e só será retirado quando o mesmo estiver com os filetes aplicados e curados em sua totalidade.















O casco foi apoiado em sua posição de trabalho  para...


fazer seu alinhamento .
A antepara nº 3 será substituida para ficar mais parecida com as outras, pois não gostei do resultado da atual.




Alinhamento visto por popa. Sendo criterioso no riscado e no corte das peças, quando se monta o casco ele tende a auto alinhar-se, necessitando de muito pouco ajuste. Neste estagio o casco parece uma maria mole que só ficará rígido quando as filetagens se completem.



Esta é a antepara nº3 que será substituida



Por esta nova antepara nº 3, cortada e colocada esta manhã. A vejo bem melhor agora.







Hoje foi o dia de colar as anteparas, a proa e a popa.


Antes de aplicar a massa epoxi/silica, foi passado o epoxi puro com o pincel para garantir uma aderencia maior, deixando a antepara solidamente colada ao casco




é um trabalho lento e de paciência, não só para deixar bem acabado, mas para garantir que o filete ficou bem homogenio em sua aplicação, e sem bolhas de ar no angulo entre a antepara e o casco, onde ele tem que unir as partes.






 


Olhando para os filetes não parece que o consumo de epoxi é elevado. Foram gastos para filetar um casco cerca de 5 kg de epoxi! Mas tudo bem,  será bom saber disso quando estiver navegando...com mal tempo!

Etapas seguintes colar a quilha e retirar as costuras de arame




Na roda de proa e a popa, coladas na mesma etapa de colagem das anteparas, foram retirados os arames da costura






A quilha foi colada esta tarde e os arames retirados no início da noite quando o epoxi ainda não estava totalmente curado. No extremo da popa a cura do epoxi estava completa e  me deu um trabalho extra. Tive que fazer um furo paralelo ao arame para retirar-lo, pois o mesmo ficou colado de tal maneira que impossibilitou sua retirada apenas puxando-o com a turquesa.

  Os dois costados do casco de BE descansam emparelhados sobre os cavaletes, para começar o processo de montagem.

Hoje, sábado, é o começo de mais um fim de semana em que poderei me dedicar a construção do catamaram. A ordem do dia (no caso, da noite) é...



..."costurar" a quilha, proa e popa com arame.



Assim como o refilo, este também é  um trabalho lento e de paciência, sobretudo nas extremidades de proa e popa, em que as peças a serem juntadas devem encaixar-se dentro de limites toleráveis para  receberem um ajuste mais fino antes da colagem.

 

Momento da abertura do casco de BE







Agora se materializa o que será um catamaram. Amanhã pela manhã vou começar a montar as anteparas.


Hoje, domingo 12/set. montei as anteparas do casco de BE






Com as anteparas montadas e o casco alinhado, só não foi possivel hoje fazer a filetagem porque o tempo estava muito úmido devido a chuva que caiu de madrugada e a densa nebulosidade pela tarde.
Por fim, nesta nesta terça feira foi feito o refilo do casco de BE, depois de averiguada minuciosamente seu alinhamento













QUANDO O BARCO VAI PARA A ÁGUA?

Já faz mais de um mês que não mexo no barco por motivos diversos: trabalho, atenção a família, dias com muita umidade ou chuva. Alguns amigos e conhecidos (e desconhecidos também) já me perguntaram: "quando o barco vai para a água?" Talvez eles não saibam a expectativa que provoca esta pergunta a um construtor artesanal. Eu costumo responder evasivamente: "...quando terminar!" Alguns ante esta resposta ainda insistem "E quando vai terminar?" Novamente de forma evasiva respondo: "quando ficar pronto!". Geralmente não perguntam mais. Eu mesmo não tenho ideia de quando o terminarei porque tenho outros compromissos que já estavam em andamento quando comecei a construção, entre eles, o de subsistencia, que é muito solícito. Agora, se fosse uma encomenda muda-se completamente a perspectiva e o enfoque sobre o tema "tempo de construção".

Para mim, um veleiro significa sonho de liberdade. Basta observar, estando numa praia, um veleiro que passe ao largo. Gosto deste exemplo pois muita gente, as vezes até os que não sentem uma atração especial por embarcações, quando observam um veleiro passando ao largo, ficam um tempo indefinido observando-o com o pensamento absorto. No meu caso transporto meu pensamento a ele, imagino a visão ampla  desde a posição de onde navega. Que de lá, onde o veleiro navega,  pode-se ver a praia de onde o estou observando e muitas mais. Enfim, passa um monte de pensamentos pela cabeça durante aquele instante. Para mim, este instante de tempo indefinido pode ser que seja mais longo, pois costumo acompanhar a bela visão até que se perca no horizonte ou, mais breve, quando encoberta pelos limites de visão desde onde o observo, como as rochas ou vegetação no final da praia. Arrisco a afirmar que o veleiro está no subconciente da humanidade. Ele foi a base do desenvolvimento do mundo em que vivemos hoje.
Portanto, não posso transformar a construção do barco numa corrida contra o relógio, e muito menos contra o calendário. Também não posso tranformar o meu sonho em pesadelo, negligenciando a minha atenção para com a família que tanto amo. O importante é não perder o foco e fazer as coisas "bem".
Para isto Deus nos deu o tempo. O tempo é o Senhor, tanto dentro do ponto de vista do relógio como o da meteorologia. Concluindo, somos senhores do tempo que nos foi... "concedido"!

RETOMANDO OS TRABALHOS

Ontem, dia 12 de outubro, Dia de N.S. de Aparecida, padroeira do Brasil, o Dia das Crianças e do Descobrimento da América. Ademais de ser o dia de N.S. do Pilar, padroeira da Espanha, impossível de olvidar depois de vários anos vivendo naquelas terras Ibéricas. Enfim, nosso feriado nacional e dia oficial de retomar o trabalho no barco, depois de longos dias sem fazer nada nele. Na verdade, extra-oficialmente, os trabalhos iniciaram no dia 11 ante ontem. O primeiro a ser feito foi colar os reforços internos que faltavam no casco de BB. Na sequencia, foi feito um acabamento com massa epoxi/serragem/sílica nas extremidades desse reforços na parte inferior do casco abaixo dos paineiros, por ser este lugar de acesso mais difícil quando o barco estiver pronto, com este acabamento facilita a limpesa e impede que se acumule tanto sujeira como umidade.







Após isto, os dois cascos foram lixados internamente  para a aplicação da primeira camada de epóxi que foi feita apenas no casco de BE, ficando pendente o de BB que dependendo da configuração das tarefas do dia será feito hoje. A lixação não foi feita só para aparar arestas de massa epoxi dos filetes e reforços, mas também para retirar um mofo que se criou neste espaço de tempo oriundo da persistente umidade dos ultimos dois meses. Uma vez impregnado de epóxi não vou ter mais este problema do mofo na madeira, ao menos nas partes já impregnadas.


Se pode observar nesta foto, que foram isoladas com fita crepe os locais onde futuramente irão ser colado os paineiros, a parte superior dos costados, o convés e a cabine, para que a colagem seja feita diretamente encima da madeira, conferindo assim uma adesão maior do que encima de uma camada de epóxi curado, mesmo que ele tenha sido lixado.



Esta semana que passou foi de sol e calor. O panorama debaixo da cobertura de PVC onde construo o cata mudou muito com o calor, dando a ele a sensação climática, quando o vento parava de soprar, de uma verdadeira estufa, isenta de umidade, propria para o serviço a ser realisado. Até o epóxi ficou bem mais fluido, auxiliando sua penetração no compensado.






Bom, só hoje dia 13/10 terminei de impermeabilizar o casco de BE, como se pode ver nas fotos abaixo, noutro dia será a vez do casco de BB.






Detalhe da emenda do sarrafo





Hoje  foi virado o casco de BE depois de ter sido retirada a fita crepe.


Originalmente, pela proposta do projeto do Wharram para o Tiki 26, só se vira o barco quando ele estiver com o convés e a cabine terminados. Porém, fazê-lo agora facilita muitíssimo a operação. pois o casco está leve. O virei praticamente só, com a ajuda "logistica" de minha mulher.

O trabalho a ser feito agora é preparar o casco para a laminação...

...fazendo o acabamento nas frestas de interseção do costado com a quilha, skeg e roda de proa. Fechar furos de onde sairam os parafusos para a fixação dos reforços do interior, outros pequenos furos oriundos dos parafusos de fixação dos "butblocks" e alguma que outra imperfeição na superficie do compensado que venham a comprometer a laminação por formação de pequenas bolhas de ar.


Muito terá que ser lixado para "sheipar" o skeg, a quilha e a roda de proa, ademais de toda a superfície do costado.

Abaixo, a sequencia de fotos do casco já lixado e pronto para ser laminado, uuufaaa!














21/10 /10 - Hoje, a primeira hora da tarde o trabalho foi cortar o tecido de fibra de vidro correspondente as duas laterais do casco de BE. Depois de deixar tudo pronto, comecei a laminação.


Uma lateral do casco já foi laminada. Agora assenta-se o tecido no outro lado.


Como trabalho sozinho, extendo o tecido no casco seco (sem a resina)


Depois de extendido e feito os recortes na proa e popa...


...começo a aplicação da resina. Este método leva mais tempo pois tem que impregnar bastante o tecido para que a resina passe através dele e impregne o compensado também.


Aplico bastante quantidade com um pincel largo embebendo o tecido até que se veja o compensado. Em alguns pontos verto diretamente sobre o tecido o conteúdo do pote (com cuidado) e vou espalhando com  a espátula .

Depois "puxo" o excedente de resina exercendo pressão com a espátula para que a mesma penetre entre o tecido e o compensado de forma consistente, e assim vou trabalhando devagar e sem pausa. A mistura de epóxi é feita também aos poucos, assim, dá para trabalhar com o tempo que a atenção ao trabalho necessita para ficar bem laminado, sem a preocupação do epóxi ficar gelatinoso (gel time) antes de terminar a mistura e garantindo uma  impregnação perfeita.  

22/10/10 - Hoje pela manhã bem cedo pude observar o casco já  todo laminado.






O trabalho hoje vai ser lixar as arestas, pontas e alguns escorridos de epoxi, para posteriormente massear todo o casco com massa epoxi/microesfera.

Bom, agora tenho o casco de BE todo masseado. Foram dadas duas mãos de massa seguidas uma da outra, assim a segunda camada se "funde" à primeira que não estava completamente curada. O objetivo é nivelar alguns pontos do costado, a junção da sobreposição  do tecido, e eliminar em todo o costado a textura de tela  que fica após a laminação. Sendo cuidadoso no acabamento da primeira mão, sem deixar "obstáculos" para a espátula como gotas e arestas,  a segunda mão de massa vai bem mais rápida, garantindo uma melhor uniformidade e fazendo com que o trabalho de lixar que é duro,  não se torne penoso, aliás sou adepto do refrão: "só lixo o que eu masseio"

Como se vê, muuuito tem que lixado para obter um acabamento rasoável.







Após a lixação, fazer uma inspeção visual e tátil para detectar possíveis pontos para se fazer retoques é imprescendível, ...


...marcando-os a lápis no momento em que forem identificados para não perdê-los, e...


...assim poder localizá-lo fácilmente para fazer os posteriores retoques.

Uma vez terminada a lixação e os retoques , tenho o casco de BE pronto para a fase de aplicação do primer para a pintura.  Agora resta fazer o mesmo trabalho no casco de BB:  Lixação, laminação, lixação, aplicação de massa, lixação de novo, retoques e novamente lixação dos retoques, para se chegar no ponto onde se encontra o casco de BE.

Depois de virado o casco de BB, começa a preparação que antecede a laminação. O processo feito no casco de BE se repete: Se faz uma lixação em todo o casco enchendo as frestas entre o casco e a quilha, nivelando imperfeições e pequenos furos de parafusos que foram retirados, etc, etc,etc...



Abaixo, uma sequencia de fotos do casco de BB já coberto com a manta para ser cortada e ajustada. Postei  estas fotos porque quando laminei o casco de BE, esta parte do trabalho não foi devidamente registrada fotograficamente e, ademais, registrar que neste outro casco o trabalho ficou mais simplificado pois todos os cortes foram feitos antecipadamente com ambos os tecidos  grampeados a cada lado do casco, para que o trabalho fosse feito de melhor forma por apenas uma pessoa, com o mínimo de interrupção durante o processo de laminação.









A medida que ia avançando a impregnação com o epoxi, retirava os grampos do lugar onde estava resinado para fazer o ajuste fino do assentamento do tecido no compensado.


Agora o casco está completamente laminado

  Como no casco de BE, foi deixada uma faixa de 5 cm para colar a parte superior do casco.


 Este é o casco de BE com a fita crepe já retirada, mostrando o compensado nu prara garantir a aderencia da colagem. Posteriormente será conificado para fazer a junção do laminado da parte superior com a inferior, e depois fazer o acabamento.

No skeg de ambos os cascos deixei uma faixa para posteriormente fazer uma laminação com 3 camadas de manta fina, garantindo uma melhor adesão sem formação de bolhas, outorgando a este local uma máxima proteção, e evitar no futuro ter que fazer manutenção numa área que será mais trabalhosa por se encontrar a amarração do leme .

Hoje, 09/11, o trabalho começou com a forração do chão da área de trabalho, pois a etapa seguinte, uma vez estando os dois cascos com a massa epóxi/microesfera lixados, será a aplicação do primer epóxi.

A forração com plastico foi feita para proteger o chão e manter o bom astral com a "patroa".

Abaixo as fotos dos dois cascos com o primer epóxi já aplicado.






Hoje foi colado a meia cana de tubo de PVC para proteger dos encalhes na areia o extremo inferios da quilha.


Os cascos a partir de agora estão quase prontos para serem virados para dar continuidade na obra.
Antes serão feitos os furos para a passagem dos cabos que prendem o leme e servem de dobradiça para o mesmo
















Como se pode observar na sequencia de fotos acima, foi feito uma janela que depois será preenchida com epóxi/silica/serragem para que o compensado fique completamente isolado da água quando a furação de passagem dos cabos forem feitas.

Domingo dia 21/11 foi virado os cascos a sua posição original e assim ficarão definitivamente até a conclusão da obra

 Na foto se vê o alinhamento na parte de baixo das aberturas das anteparas onde será assentado os paineiros

Começam os cortes dos paineiros nas chapas de 10 mm.
Os paineiros no Tiki 26 tem uma função estrutural importante no barco. É um reforço que abrange quase todo o perímetro interno das canoas, estruturando o costado na altura da linha d'água. Por isso é bom ter um critério na sua colagem para que haja em toda ela uma uniforme adesão da cola epóxi.

Antes de impermeabilizar o interior, foi protegida as zonas de colagem com uma fita crepe. Isto foi de grande ajuda, porém, houve pontos em que o epóxi penetrou estas zonas que estavam protegidas. Este epóxi tem que ser removido para promover a colagem homogênea que havia me referido anteriormente.



Aí está a zona da junção do paineiro com o costado pronto para receber o filete de colagem


Estendí as ripas longitudinais do batente da tampa dos paineiros, de forma a criar uma estrutura por baixo do paineiro (peso 100kg!) e evitar flexões indesejáveis, transmitindo uma sensação de solidez ao conjunto.

Nos últimos dias que tem chovido, aproveitei para começar a cortar as vigas de união dos cascos. Comecei cortando os perfis de compensado de 15mm









Como havia dito, com esses dias de muita umidade em que não se podia trabalhar com o epóxi para a colagem dos paineiros do casco de BE, comecei a cortar os compensados de 15 e de 6 mm que compõe as vigas de união dos cascos.
Com o corte de quase todos os compensados que compõe as vigas, já houve um bom adianto. Está faltando apenas cortar a parte superior de fechamento das vigas que será de compensdo de 6mm.
Agora estes compensados cortados ficarão reservados para quando chegar o momento de construir as vigas.

No mes de dezembro as atividades com o catamaram ficaram paralizadas por motivos vários. Entrou o ano e só comecei a fazer alguma coisa no final da 2ª semana de janeiro, que foi colar os paineiros do casco de BE que estavam cortados, e que podem ser vistos nas fotos abaixo



Às tampas dos paineiros faltam fazer os furos para poderem ser retiradas com facilidade e a imprená-las com epóxi.







O espaço que se tem na parte inferior dos paineiros é excelente. Pode-se armazenar aí muitas as garrafas pet de agua mineral para quando for fazer uma "pernada" de alguns dias sem tocar terra. Vale observar que a parte inferior dos paineiros do Tiki ficam abaixo da linha d'água, o que confere uma temperatura estável a estes compartimentos, sobretudo em sua parte mais baixa, o que o torna ideal para armazenar algumas garrafas de vinho. A foto abaixo ilustra a altura do paineiro em relação a quilha. Como se vê, uma garrafa de refrigerante de 2 lts cabe em pé e ainda sobra espaço acima dela.


Nesses dias de muito calor a temperatura debaixo da cobertura de PVC se assemelha a de um forno, fazendo com que o trabalho seja melhor realizado a partir do fim da tarde, pois antes disso fica impossível. Sómente se trabalhar desnudo, ainda assim, ficaria melhor caracterizado com o corpo untado de azeite e com uma maçã na boca.



Foram cortados e colados na proa e popa de ambos os cascos, os perfis de complementação das cabeças das rodas de proa e codastes de popa. Esta complementação é necessária para que a parte superior do costado (que será colada posteriormente) mantenha seu alinhamento, pois esta parte superior é fixada sobreposta a parte inferior do costado. Ambas  convergem para se fixarem nas extremidades de proa e popa


O BARCO CRESCE

Agora o casco de BE recebe a parte superior do costado e o conjunto aumenta significamente de tamanho
A peça foi encostada no barco para verificar o assentamento antes da colagem.
Uma vez medida a altura, foi marcada e balizada para facilitar o assentamento , precisando de muito pouco ajuste para que ficasse exatamente em seu lugar.





Na foto abaixo se pode ver as balizas de nylon suportando a parte superior do costado.

O barco ganha bastante corpo e volume com este aumento de 30 cm do costado


Agora começo a preparação para a colagem no outro bordo do casco de BE


Uma vez verificada sua posição, verifica-se também a altura do sarrafo de apoio do convés, pois se precisar de algum ajuste, este será o momento certo de fazê-lo porque uma vez que as laterais estejam coladas ficará muito dificultoso pelo pouco espaço para trabalhar.

Só falta agora preparar a resina e colar.

Com a outra lateral do casco de BE em seu lugar o barco cresce muito exteriormente


E interiormente também



Com o aumento de altura da cabine, se pode perceber o aumento da área interior sem afetar de forma negativa a estética exterior do casco que continuará mantendo a característica esguia do conjunto.

A chuva voltou depois de uns dias de trégua, fazendo com que as colagens para montar as laterais superiores do costado de BB sejam prorrogadas para quando voltar o sol e o tempo seco novamente. Para aproveitar a manhã chuvosa cortei os sarrafos que servirão de apoio do compensado do convés.


Entre as anteparas 4 e 5 foram adicionados mais dois sarrafos para sustentar melhor e dar mais firmeza ao convés que é muito flexivel neste ponto, pois as distancias entre os sarrafos no projeto original é muito grande.


Na foto abaixo se pode observar no extremo da proa a área ôca que deverá ser preenchida com resina mesclada com serragem, envolvendo toda a parte interna da roda de proa, deixando esta zona extremamente reforçada

Na foto abaixo, o local já preechido com a resina


Abaixo a foto do extremo de popa que recebeu o mesmo tratamento, com o enchimento de resina com serragem



  Este enchimento confere aos extremos da embarcação  uma solidez excepcional



detalhe do reforço interno previsto no projeto

 Sobre o reforço previsto no projeto, coloquei um calço de apoio para o taco que serve de descanço da travessa que fica por cima do convés, para dar mais rigidez ao conjunto, uma vez que este taco é bem mais largo que a espessura compreendida entre o verdugo, casco e reforço interno, ficando assim mais da metade de sua largura apoiada apenas no compensado do convés. Com este calço interno, ele terá um apoio em toda a sua superfície, facilitando também a fixação do mesmo com o parafuso, pois conta com uma massa maior. Todas as travessas terão este reforço.




 
 Depois de muito tempo sem poder mexer no barco e sem poder postar fotos porque a camera de fotos está com problemas e de vez em quando funciona não muito bem, como se pode ver na baixa qualidade das fotos a seguir, estes dias terminei de fechar os convezes de proa e poa, ademais de poder fechar a parte externa da cabine de BE.


Com o aumento da cabine se pode obter um ganho significativo no espaço interno, garantindo um conforto bem maior don que o proposto pelo projeto original, sem contudo afetar de forma negativa o desenho do conjunto do casco, que ainda goza de leveza.


como a camera de fotos pifou, descobri que ela ainda serve para filmar. Abaixo poderemos ver no video os enchimentos de resina feitos na proa e popa do casco de BB.



Agora foi teita a pintura do interior da cabine de BB. Primer e duas demãos de pintura.


Depois de muito tempo parado os trabalhos recomeçaram esta semana. Um balanço do trabalho que falta para terminar a obra e um cronograma foram feitos para ordenar este trabalho até o seu término.




As aberturas foram feitas no convés e suas respectivas molduras num tamanho que permita passar por elas as cadeiras de praia que são muito úteis e confortáveis inclusive e sobretudo com o barco navegando e podem ser utilizadas tanto para o cockpit como no interior das cabines.





A preteleira tanto do casco de BB como o de BE já estão em seu lugar



Se pode notar que foi adicionado um perfil de madeira interno na parte alta da cabine onde será assentado o teto. Isto permitirá qua se arredonde a parte externa da cabine sem que se perda sua estrutura, visando também facilitar a laminação e dar um acabamento mais limpo e sem quinas.

 Este é o casco de BB já com as tres demãos de pintura. Ele já esta pronto para ser fechado em suas laterais.

 Este é o casco de BE com a primeira demão de pintura. Neste casco cometi a estupidez de assentar a lateral externa da cabine e fecharo convés de proa antes defazer a pintura interna. Desta forma o trabalho de pintura ficou muito penoso pois foi feito em um espaço restrito.

 As escadinhas de acesso às cabines prontas para receberem a última demão de pintura

 Estas são as laterais da cabine prontas para serem pintadas.

Agora falta apenas a última demão para serem instaladas

O processo da pintura do interior consiste em lixar um pouco a superficie impregnada de epoxy para criar uma ancoragem maior. Posteriormente aplica-se  primer e depois um fundo a óleo para terminar com o esmalte sintético branco brilhante (3 demãos).