sábado, 8 de junho de 2013

Catamaran Polycat 23

Depois de velejar o tiki 21, pensei que seria melhor adaptá-lo as minhas necessidades de maior espaço, pois do 21 para o 26 o salto é muito grande. Assim, um tamanho intermediário viria muito bem para preencher esta lacuna (que tambem existe entre o 26' e o 30'). Achei 23 pés uma boa medida para este barco intermediário. O incremento de peso e volume não seria muito grande, fazendo com que um catamaran com estas dimensões seja ainda leve e manejável, características em que no 21' se dá muito melhor se comparado com seu irmão maior.
O fato de trabalhar a muitos anos com construção e reforma de veleiros e haver velejado muito o tiki 26 e construido dois deles, me deixaram confiante em construir um catamaram estilo polinésio de 23 pés tendo o 21' como referencia.

Passei a estudar a fundo o tiki 21 de um conhecido. Munido de uma trena, papel e lápis, comecei a tirar todas as medidas possíveis para avaliar as adaptações pertinentes. Depois de muito contorcionismo para medir, redesenhei todas as anteparas, costados e cabines, mantendo o disign e filosofia Wharram, porque eu acho um desenho lindo e harmonioso para o meio ao qual vai ser usado, ademais de que não dá para reinventar a roda, mas dá para aumentar um pouquinho o seu diâmetro.
Ao olhar mais acostumado aos pequenos Wharran, se percebe um aumento no volume total. Se nota que não é um tiki 21', nem o 26'.


Este foi o Tiki 21 que serviu de inspiração para o 23'. O fato dele estar desmontado para ser pintado, facilitou muito para as tomadas de medidas e observações de pontos a serem modificados.

Abaixo segue as fotos da montagem do casco de BE do 23'





O casco passou de 6,40m (21,3 pés) para 6,86m que equivalem a 22,8 pés. O que para leigos parece pouco, esta diferença de "apenas" 46cm representa tanto que se pode dizer que por tamanho e volume é literalmente outro barco. Os acréscimos nas medidas de pontal, contorno e borda livre são significativos, assim como o espaço interno nas cabines. Claro, também haverá, quando o catamaran estiver concluído, um acréscimo no peso total do conjunto, mas estamos tratando de um barco maior. Este aumento de peso, contudo, não vai comprometer os melhores argumentos de um pocket cruise, que é sua manejabilidade, tanto dentro quanto fora da água. O mastro deste catamaram de 23' poderá ser subido ou baixado facilmente por apenas uma pessoa, o que no Tiki 26 já não é possível.

 

O skeg só pôde ser desenhado e cortado depois do costado pronto.
O que determina a profundidade do skeg é a parte mais profunda do casco.



Com a altura adicional  do costado e da cabine, fará com que a altura da plataforma entre os cascos fique mais distante da água, o que permitirá  ter assentos laterais ao longo das cabines que sejam mais altos de onde ficarão os pés, quando sentado, e também de um pequeno respaldo para as costas. Isto proporcionará um conforto muito maior que no Tiki 21, que tem como cockpit apenas uma plataforma plana. A este importante "up grade" no conforto se adiciona a possibilidade de que se tenha também  uma navegação mais seca em mar mexido.




Parece pouco se nos atermos apenas aos números, contudo,  12cm a mais na largura interna representa um acréscimo de espaço bastante considerável.


Confesso que sempre tive uma atração pelos micro cruisers, mas não tenho espirito de faquir. Um espaço para sentar comodamente e deitar numa cama que proporcione conforto reparador, já é para mim o suficiente para curtir o mar por vários dias. Lembro que o barco que mais curti,  fazendo camping costeiros nas praias, foi um Snipe (Lineburguer) que tive faz mais de 30 anos. Com ele fiz várias incursões em mar aberto. As vezes eu me encontrava bastante distante de terra e olhava para meu barco, valente, galgando as ondas e pensava em como ele me podia levar longe, navegava por vezes, horas a fio. Eu havia feito um bulbo de chumbo que era aparafusado no extremo da bolina, que proporcionava ótima escora, não me cansando muito no contravento. Por não haver uma pequena cabine para me enfiar por baixo, única preocupação era encontrar uma praia isolada e tranquila para armar a barraca. Pensei que um barco semelhante com uma pequena cabine facilitaria muito a vida nessas velejadas. Nessa época (1982/83) lembro de haver visto pela primeira vez um pequeno Wharram disign, que penso hoje que era o tiki 21, ancorado em frente ao bar do saudoso Didi, em Paraty Mirim. Este barco estava com o  medalhista olímpico (Moscou 1980) da classe Tornado, Lars Bjokstrom e sua família, que tinham uma casa no Saco de Mamanguá. Infelizmente naquela época minha visão estava voltada para os monocascos, seduzido pelas fotos e reportagens de revistas. Cego que estava no meu "monoconceito", perdi a oportunidade de ser apresentado a um projeto premiado do Wharram, e da mão de um experientíssimo velejador de catamaram. Foi o preço pago pela minha ignorância.


O casco já alinhado para começar as colagens que o fará ficar um monobloco forte, muito resistente e...leve!



Foi aplicado em todo o interior do casco um cupinicida solúvel em água para uma proteção adicional, uma vez que todo o interior receberá duas camadas de resina epóxi.