terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Volta a Ilha de Santa Catarina num Tiki 21

O final de 2016 e o início deste ano foi muito bom pois fiz uma visita ao amigo Rodolfo que desceu de Paranaguá com seu Tiki 21 Mouna para passar o final de ano a bordo na Lagoa da Conceição junto a sua familia marinheira, que rendeu uma boa velejada na Lagoa, ademais de combinarmos de dar uma  volta a Ilha no começo de janeiro.




Saímos, então, da Lagoa no dia 9 janeiro navegando pelo canal até a Barra da Lagoa junto com seu amigo Roberto, com destino a Sto. Antonio de Lisboa, o que na verdade não chega a ser uma volta a ilha como o titulo desta postagem, mas sim uma boa parte dela passando pelo sul da ilha.
O mastro do Tiki 21 foi facilmente baixado para passar pelas pontes e motoramos pelo canal observando as belas casas a sua margem. Ao sairmos para o mar o mesmo estava muito mexido, mas com decisão subimos rapidamente o mastro e em seguida as velas. O barco cobrou  vida e seguimos navegando naquele mar confuso até que ele se definiu com a subida do vento nordeste que seguiu aumentando a medida que descíamos para o sul.

Parada rápida no extremo norte da praia na paradisíaca Ilha do Campeche que estava muito movimentada com o entra e sai de pequenas embarcações turísticas. Seguimos rumo sul e com o vento aumentando muito, o que me deixou preocupado para quando entrássemos pelo canal sul e tomássemos rumo norte com todo aquele vento vindo de proa e ainda mais forte pelo afunilamento que existe naquele ponto.

Mouna na Ilha do Campeche, parada para um mergulho

Antes de passar pela enseada da praia do Pântano do Sul, cujo vento se canaliza e sopra forte, resolvemos dar um rizo na grande, foi providencial porque ao passarmos por esse ponto as rajadas eram muito vigorosas. Quando começamos a contornar o sul da ilha, já com a praia de Naufragados ao nosso través, ligamos o motor para ajudar a vencer o vento contra que entraria logo depois do Farol de Naufragados.

A pancada na cara foi grande, mas com a mestra no primeiro rizo e a genoa, até poderíamos seguir na configuração de velas que estava, mas com aquele mar de ondas altas e muito curtas batendo na bochecha do Tiki e em algumas ocasiões passando por cima da travessa de proa e do deck, estava muito duro de vencer quando o Rodolfo sugeriu baixar a vela de proa e seguirmos com a grande rizada e o motor, seguimos pouco a  pouco, mas com uma deriva significativa por causa também da correnteza. Seguimos nesse rumo até bem próximo da praia do Sonho no continente e viramos em roda rumo a ilha novamente. Nesse rumo de volta para a Ilha, pelo angulo do vento, pouco ou nenhum progresso conseguimos mesmo com a ajuda do motor, sugeri então baixar a grande e içar a vela de proa, mantendo o motor para estabilizar a popa. Isso feito, o comportamento do barco mudou, ficando mais manejável e poupando o material, pois nas rajadas o vento ia muito além dos 30 nós. Se a vela grande tivesse 3 forras de rizos e a de proa uma, a configuração seria deixar a grande na terceira e a buja rizada, assim poderíamos dispensar o motor, mas, na configuração que dispúnhamos foi o suficiente para que na quinta pernada de contra vento pudéssemos chegar na praia da Caieira da Barra do Sul. Descemos para uma merecida cerveja gelada  e nos despedirmos do Roberto que voltou para sua casa.


Mouna na praia da Caieira da Barra do Sul onde passamos o resto do dia e pernoitamos.

O tempo estava para mudar, segundo o windguru, consultado e monitorado pelo Rodolfo, a previsão era de uma entrada de frente fria no meio da noite, no entanto o nordestão de pré frontal zuniu até o fim da tarde quando então deu uma trégua. Estávamos ancorado a escassos metros da praia e próximos também as pedras no final dela. Ali era embate de nordeste, mas não de ventos do quadrante sul. Providencialmente, antes de escurecer deixamos este local e jogamos ancora no extremo sul da praia da Caieira que protege do sul.
Chegou a noite e percebemos a aproximação de uma tormenta no quadrante sul, pensei que era a chegada da frente, no entanto cairam 4 gotas e começou a soprar o vento noroeste moderado com formação de marolas e um banzeiro de fundo, ademais, o vento rodava e hora tínhamos a proa para um lado e hora para outro até que firmou de vez o noroeste que, felizmente, não aumentou de intensidade. O noroeste é um vento muito temido na Ilha pois não há abrigo para ele, e quando sopra forte é uma temeridade para os donos de barco.

Pela manhã, não havia vento e lá pelas 10 entrou um vento sul de uns 12 nós, o que nos animou depois do café, a levantar tudo, ancora e velas, rumo a Sto. Antonio de Lisboa onde eu iria desembarcar no dia seguinte quando outro tripulante embarcaria para fazer a seguinte pernada no Mouna para Penha em sua volta para casa em Pontal do Sul na baía de Paranaguá.

Rumo norte com bom vento em popa em direção a ponte Hercilio Luz


A popa ficaram para trás Ribeirão da Ilha, Caiacanga e Caeira da Barra do Sul


Comandante Rodolfo curtindo a velejada e fazendo fotos

Mouna em Sto. Antonio de Lisboa

Foram dois dias excelentes junto a amigos e bom papo No tocante a navegação, foi esplêndido, sobretudo pelo comportamento do Mouna em que a todo o momento transmitia uma sensação de confiança e de segurança, mesmo nos momentos mais críticos de mar e vento pela passagem do canal Sul, o que fazia com que toda a tripulação ficasse mais tranquila e relaxada para as tomadas de decisões.



Valeu a velejada, Rodolfo! E quando vier da próxima vez, com mais tempo, entraremos em Biguaçu para tomar uma gelada em companhia do Rogério em sua marina. Quiça façamos isto em duas embarcações, se até lá eu estiver terminado o meu cata. Grande abraço!

Se pode ver vários vídeos do Mouna no canal de Rodolfo Petersen no YouTube


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