O título da postagem e o texto abaixo foram escrito pelo Rodolfo Petersen, um cliente que virou amigo e que pedi a ele que escrevesse algo sobre sua história com o seu Tiki 21 Mouna para postar aqui no blog.
Meu primer contato com um Tiki 21 foi na década dos anos 90 quando numa revista náutica saiu uma reportagem de uma família humilde do Nordeste que saiu de Recife. Morando em um catamarã de 21 pês, montando uma barraca no coopick, e vivendo vendendo artesanais nas praias. Fiquei fascinado.
Era um barco esquisito e praticamente sem existência no mercado de usados. Minha mira estava em um microtonner 19, ou Bruma 19 e o mais caro e complicado o Oday 23. Nunca tive grana e fui toda minha vida assalariado com família a sustentar.
Já nos meus 52, comece novamente a pesquisar, mais desta vez, sabendo que ia comprar meu primeiro veleiro e que não era mais um sonho.
Voltei a pensar no Wharram designs e na possibilidade de construir o barco, e depois de ver um par de microtoners e de Bruma 19, cai por causa da internet na casa de Roberto de Ponta das Canas, mais famoso que o Papa Francisco. Roberto me terminou encaminhando para o Estreito e a internet para o blog do Marcão. Fechou o caixão, família simples, músicos, construtor artesanal e muito honestos.
No fundo eu queria um barco para sair das bahias e enseadas abrigadas, sempre tinha velejado nos barcos dos outros, e nem sabia com o que me ia deparar como capitão, o que sabia é que queria ter um barco que realmente seja para navegar a costa brasileira. Mesmos que nunca saísse do porto, mais que teria a chance.
2015 construção e no carnaval de 2016 trouxemos o Mouna junto com o Marcos à Bahia de Paranaguá. Naveguei todo o ano aqui dentro sem parar: Ilha do Mel, Ilha das Peças, Parque do Superagui, fiz o canal do Varadouro até Arararapira com meu amigo e comandante Fernando Cerdeira, navegador solitário que já cruzou o atlântico.
Chegando o mês de novembro senti uma brisa de nordeste me falando: o momento chegou, é hora de partir na tão sonhada viagem de navegação costeira até a Ilha da Magia, onde o Mouna nasceu e onde eu cheguei faz 30 anos atrás de minha terra natal cheio de sonhos e fantasias.
Mês tenso, inseguro, preparação do barco, Windwuru, Inpe, e muito coração. Já estava decidido, e meu filho Lin, de 23 anos, se somou ao sonho, onde ia me acompanhar até a entrada na Lagoa da Conceição. Partimos no dia 19 de dezembro sem vento as 6 da manhã. Foram 23 dias de pura energia positiva. Dormi em terra no dia 24 e no dia 31. Navegações diárias parando para dormir: São Francisco do Sul, Penha, Porto Belo, Saco Grande, Lagoa da Conceição, Canto da Lagoa, Ilha do Campeche, Caieira do Sul, Santo Antônio de Lisboa, Porto Belo, Penha, São Francisco do Sul, e Pontal do Sul. Agradeço além de meu filho Lin, aos amigos tripulantes que me acompanharam nas diferentes pernas: Marcão, Roberto, Everton e Daniel.
Agradeço à eternidade e a mãe natureza pela oportunidade.
Até a próxima, a fissura será eterna
Lhes deixo um pequeno vídeo filmado e editado por Lin Petersen.
Bons ventos
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