O fato de trabalhar a muitos anos com construção e reforma de veleiros e haver velejado muito o tiki 26 e construido dois deles, me deixaram confiante em construir um catamaram estilo polinésio de 23 pés tendo o 21' como referencia.
Passei a estudar a fundo o tiki 21 de um conhecido. Munido de uma trena, papel e lápis, comecei a tirar todas as medidas possíveis para avaliar as adaptações pertinentes. Depois de muito contorcionismo para medir, redesenhei todas as anteparas, costados e cabines, mantendo o disign e filosofia Wharram, porque eu acho um desenho lindo e harmonioso para o meio ao qual vai ser usado, ademais de que não dá para reinventar a roda, mas dá para aumentar um pouquinho o seu diâmetro.
Ao olhar mais acostumado aos pequenos Wharran, se percebe um aumento no volume total. Se nota que não é um tiki 21', nem o 26'.
Este foi o Tiki 21 que serviu de inspiração para o 23'. O fato dele estar desmontado para ser pintado, facilitou muito para as tomadas de medidas e observações de pontos a serem modificados.
Abaixo segue as fotos da montagem do casco de BE do 23'
O casco passou de 6,40m (21,3 pés) para 6,86m que equivalem a 22,8 pés. O que para leigos parece pouco, esta diferença de "apenas" 46cm representa tanto que se pode dizer que por tamanho e volume é literalmente outro barco. Os acréscimos nas medidas de pontal, contorno e borda livre são significativos, assim como o espaço interno nas cabines. Claro, também haverá, quando o catamaran estiver concluído, um acréscimo no peso total do conjunto, mas estamos tratando de um barco maior. Este aumento de peso, contudo, não vai comprometer os melhores argumentos de um pocket cruise, que é sua manejabilidade, tanto dentro quanto fora da água. O mastro deste catamaram de 23' poderá ser subido ou baixado facilmente por apenas uma pessoa, o que no Tiki 26 já não é possível.
O skeg só pôde ser desenhado e cortado depois do costado pronto.
O que determina a profundidade do skeg é a parte mais profunda do casco.
Com a altura adicional do costado e da cabine, fará com que a altura da plataforma entre os cascos fique mais distante da água, o que permitirá ter assentos laterais ao longo das cabines que sejam mais altos de onde ficarão os pés, quando sentado, e também de um pequeno respaldo para as costas. Isto proporcionará um conforto muito maior que no Tiki 21, que tem como cockpit apenas uma plataforma plana. A este importante "up grade" no conforto se adiciona a possibilidade de que se tenha também uma navegação mais seca em mar mexido.
Parece pouco se nos atermos apenas aos números, contudo, 12cm a mais na largura interna representa um acréscimo de espaço bastante considerável.
Confesso que sempre tive uma atração pelos micro cruisers, mas não tenho espirito de faquir. Um espaço para sentar comodamente e deitar numa cama que proporcione conforto reparador, já é para mim o suficiente para curtir o mar por vários dias. Lembro que o barco que mais curti, fazendo camping costeiros nas praias, foi um Snipe (Lineburguer) que tive faz mais de 30 anos. Com ele fiz várias incursões em mar aberto. As vezes eu me encontrava bastante distante de terra e olhava para meu barco, valente, galgando as ondas e pensava em como ele me podia levar longe, navegava por vezes, horas a fio. Eu havia feito um bulbo de chumbo que era aparafusado no extremo da bolina, que proporcionava ótima escora, não me cansando muito no contravento. Por não haver uma pequena cabine para me enfiar por baixo, única preocupação era encontrar uma praia isolada e tranquila para armar a barraca. Pensei que um barco semelhante com uma pequena cabine facilitaria muito a vida nessas velejadas. Nessa época (1982/83) lembro de haver visto pela primeira vez um pequeno Wharram disign, que penso hoje que era o tiki 21, ancorado em frente ao bar do saudoso Didi, em Paraty Mirim. Este barco estava com o medalhista olímpico (Moscou 1980) da classe Tornado, Lars Bjokstrom e sua família, que tinham uma casa no Saco de Mamanguá. Infelizmente naquela época minha visão estava voltada para os monocascos, seduzido pelas fotos e reportagens de revistas. Cego que estava no meu "monoconceito", perdi a oportunidade de ser apresentado a um projeto premiado do Wharram, e da mão de um experientíssimo velejador de catamaram. Foi o preço pago pela minha ignorância.
O casco já alinhado para começar as colagens que o fará ficar um monobloco forte, muito resistente e...leve!
Foi aplicado em todo o interior do casco um cupinicida solúvel em água para uma proteção adicional, uma vez que todo o interior receberá duas camadas de resina epóxi.
Legal...to de olho, vou acompanhar.
ResponderExcluirMarcão achei as bulkheads muito finas, vc deixou somente 4cm...o original é 10cm !!! Reforce com um cedro antes do filete, "a lá Cabinho". Sei que vc quis ganhar espaço interior, mas alí é meio do barco.
ResponderExcluirRoger, no 21, a antepara 3 em seu ponto médio não tem 10cm nem 7cm. A do 23 está com 5cm no seu ponto médio e 12cm no terço superior. Ademais, todas as anteparas da cabine tem o dobro da espessura original Da altura do paineiro até a altura da borda interior do casco elas estão com 12mm, quando originalmente seria 6mm. Contudo eu não descartei um reforço de sarrafo 3x2. Se for necessário este seria colado faceado na borda interna da antepara e feito um enchimento de massa epoxi entre ele e o filete. Muito possivelmente eu faça isso porque está previsto um sarrafo de igual medida nas laterais das anteparas da cabine e um de 4x2 na parte superior onde se assenta o teto. Tanto no teto como no paineiro vou usar compensado de 10mm quando originalmente é 6mm. Aumentei em 2,5cm a altura do paineiro, prevendo o aumento de peso do barco e da carga. O barco poderá ganhar algum que outro cm a mais de calado, por outro lado vai ganhar também mais alguns centimetros de linha d'água. Por falar em linha d'agua, aumente um pouco a do tiki Rio que ficou muito próxima da água, seria bom que tivesse sobrando entre 5 e 7cm de venenosa com a carga máxima, assim, a pintura do casco se veria livre do limo e sobretudo de sujeira, uma vez que ficará na Baia de Guanabara.
ResponderExcluirTô precisando encalhar o bichinho...
ExcluirParabéns pela nova empreitada.
ResponderExcluirJoaquim
Olá Marcos, gostei muito de sua idéia. Realmente, há um salto do 21 para o 26, principalmente na questão de facilidade para reboque. Se 0 23 realmente mantiver esta característica do 21 será maravilhoso ( ganho de conforto e espaço com a mesma praticidade). Vou acompanhar ansioso. Grande abraço e boa sorte!
ResponderExcluirValeu Felipe. não sei nas leis de transito brasileiras, mas nos países europeus e nos EUA, o tiki 26 está homologado para reboque rodoviário. Seguramente o 23 que construo terá um peso maior que o 21, acredito que na ordem de uns 40 ou 50 kg.
ResponderExcluirBeleza de iniciativa. Parabéns!
ResponderExcluirAndei pesquisando na web e o site abaixo mostra as especificações para um Tiki 24. Talvez as proporções possam ser uteis.
http://www.multihull-maven.com/Boats/Tiki_24. Este teria uma boca total de 4,42 m e um calado mínimo de 40 cm.
Qual a boca que você projetou para o seu Tiki 23
O site abaixo traz fotos de um Tiki 23 usado para passeios turísticos em Bohol.
http://www.magayon.de/index.php?option=com_content&view=article&id=121&Itemid=121
grande Abraço!
Obrigado, Joaquim!
ExcluirA boca prevista seria de aproximadamente 4 metros e o calado será entre 37 e 40cm
Pô Marcos, quer me matar de ansiedade? "Preciso" saber a quantas anda a construção...e as fotos...abraços e obrigado por toda a informação disponibilizada e paciência!
ResponderExcluircomo eu faço para adquiri o projeto do tiki26
ResponderExcluirEntre em contato com o Rogério do tikirio
ExcluirComandante, você tem que entrar em contato com os escritórios do J. Wharram no site http://wharram.com/site/
ResponderExcluirParabéns. Estou começando a projetar um nos mesmos parâmetros. Serviu-me de incentivo.
ResponderExcluirParabéns. Estou começando a projetar um nos mesmos parâmetros. Serviu-me de incentivo.
ResponderExcluir